Por ela se escreveram poemas.
Como se ela inventasse os acordes de uma viola que mendiga estrelas, ou poetas que cantam a Cinderelas estragadas.
Por ela se acendiam os lampiões à sua passagem.
Como se a luz parda nascesse dela, ou as fontes, ou as guerras, ou os comboios, ou os cactos.
Por ela se queimavam os plátanos do rosto quando as lágrimas acesas voavam, voavam.
Como se ela valesse lágrimas, ou brisas, ou fotografias, ou células, ou soros.
Por ela as tempestades fundiam-se em osmoses gigantes.
Como se as suas mãos segurassem mais do que guarda-chuvas amarelos e anéis com espirais infinitas.
Por ela se aligeiravam as velhas no mercado.
Como se o mal não viesse difuso no nevoeiro de uns olhos verdes errados.
Por ela se queimavam fitam azuis, enquanto palavras eram expulsas.
Como se os feitiços travassem a fraqueza, ou as heras, ou os espíritos, ou as gotas de água que batem insistentemente no telhado.
Por ela se esvaziam as esteiras, as sementes, as teclas de um piano apagado.
Como se os cinzeiros que alguém enche não fossem já bastantes para ferir os olhos.
Por ela se reinventaram histórias.
Como se as suas palavras valessem mais do que pálidos ruídos de um herói-mocho moribundo.
Nunca lhe faltariam amores. Nunca lhe faltariam mágoas.
Poucos lhe atingiriam as pálpebras.
Muitos menos lhe dariam quente ao coração.
Quero embebedar-me.
E ser outra vez o que queria ser antes de deixar de ser o que era.
6 comentários:
k grande perola k tu me saiste (mais um comentario profundo meu)
Adorei o texto!
Que comentário tão construtivo, Jota! xD
beijos*
Obrigada, Flôr de aço. Aparece mais vezes, então! :)
beijinho
Parabéns.
Mereces...
beijinh
:)
Emanuel
as nossas tardes
dizem-me tanto.
obrigada
beijinhos
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