3 de julho de 2006

sonhos que se perdem


Tentei contrariar o fogo, e a água, e o vento, e todos se revoltaram contra mim. Todos se revestiram de ódio e se amotinaram contra as minhas escolhas, atropelaram os meus caminhos, invadiram os meus espaços e possuíram-se das minhas sensações. Tomaram-me como certa e agora só há desespero, e fúria, e dejectos. Dejectos de corpos espalhados pelos sonhos abandonados e pelos gritos que nunca foram projectados. Dejectos de sonhos que apodreceram nas prateleiras por realizar, sonhos que foram guardados para que não se estragassem nos corpos e que foram esquecidos, que se tornaram lixo, pó e cinza. Dejectos de vontades que se perderam e que se trocaram, que se invalidaram e mesmo se romperam, sem acordos ou compromissos se perderam e desgastaram dos senhores, saindo sem pedir ou falar e abandonando a semente do nada que rapidamente germinou.

2 comentários:

L. disse...

É tão comum essa sensação, acho, por não podermos aprender, e ter novos sonhos, novas ânsias, novas vontades e impulsos, sem que nos apercebamos dos que esquecemos; sem, num momento de leve razão obstinada, olharmos para trás, com uns olhos de cinzento desespero, e vermos uma vida que não queríamos que nos pertencesse. Mas só num momento, como disse, de leve razão obstinada.

Não temas, nunca.

Olhar alçado, amiga, profundo e posto no porvir que traças a cada instante.

, beijo

Anónimo disse...

E no romper da semente, uma visão diferente... Cada sensação criada, infiltrada na alma, pingando nos sonhos... É a razão pela qual passamos por momentos sem ter idéia do que sentir... Ou os outros terem idéia do que pensamos...

Palavras fortes... Pelo jeito... Fortes como tu.

:*